domingo, 13 de janeiro de 2008
















Me disseram quando criança que uma boca e dois ouvidos significava a maior valia da audição.
Estranho é que sempre vi pessoas falando mais e ouvindo pouco, pouco...
A fala sempre foi usada e abusada como qualquer coisa.
Já vi fala atacar, defender, ofender, humilhar, consolar, agredir, ferir, fazer chorar, depreciar, coagir, sancionar, guiar, persuadir, redimir, perdoar e acalmar. Já vi fala tremer, já vi fala ranger, já vi fala falar.
A fala grita, berra, a fala afaga e sufoca.
A fala reage. A fala faz barulho!
Poucas vezes vi o silêncio como resposta. Quando adolesci, vi o silêncio virar fala, para ser resposta, mas aí deixara de ser silêncio, virara fala!
Lembro-me do silêncio como resposta em situações de dor, em situações em que se quer falar muito, mas o tamanho da dor inibe a fala. Lembro-me também do silêncio em situações de raiva, ódio. Em situações em que a fala poderia se tornar trágica e a tragédia irreversível.
O silêncio não precisa nem do olhar, o silêncio contempla e interpreta. O silêncio responde e assusta. O silêncio é superior porque vale mais que qualquer reunião de fonemas, o silêncio não é aprendido, mas sim sentido, por isso vale mais.
Sente-se e expressa-se!
O silêncio!
Ele é o som do vazio e rompe qualquer barreira. Todos entendem! O silêncio é só, nada e tudo!
Ele se basta.
É a voz da alma e talvez seja a mais sincera fala, porque é nu, cru, sem letras, sem sotaque, sem tipos, sem caras, sem bocas. É o silêncio, é o que de mais puro há em alguém. Talvez o silêncio consiga resgatar a “perdida” verdade existente na infância. Lamentável que seja em duros fatos e, em raros momentos.

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